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Montando uma Estação de Trabalho VR “Parruda”

8 minutos de leitura · 2017-02-06

Introdução

Existem diversas maneiras baratas de experimentar a realidade virtual móvel, incluindo o Google Cardboard, kit de custo super-baixo e que funciona com qualquer smartphone recente de tamanho médio. No entanto, quando se trata de experiências mais envolventes e imersivas, a potência disponível nas plataformas móveis até o presente momento ainda é insuficiente.

Como decidi que gostaria de levar a sério o desenvolvimento VR, resolvi especificar e montar uma estação de trabalho “parruda” para realidade virtual.

Estação de Trabalho VR?

Para os fins deste artigo, definirei uma “estação de trabalho VR” como um PC de jogos high-end, que também é adequado para o desenvolvimento de software VR.

Os requisitos para VR e jogos são muito semelhantes, apesar de historicamente os jogos terem se concentrado mais na complexidade de cena, materiais e efeitos realistas, enquanto VR se beneficia mais dramaticamente de maior resolução e menor latência de saída de vídeo.

O custo-benefício foi um dos objetivos desta montagem. No entanto, como o computador é destinado a uso profissional, tive como alvo uma faixa de preço mais elevada, e maior qualidade do que normalmente escolheria para um equipamento de hobby.

Escolhendo uma CPU: i5 ou i7?

A maioria dos jogos modernos não são fortemente atrelados a CPU. Consequentemente, o componente chave que define o desempenho de jogos é a placa de vídeo, com a RAM e a CPU em um segundo lugar distante.

Se sua intenção for simplesmente consumir conteúdo em VR, um Core i5 de 6ª geração ou mais recente será mais do que suficiente. No entanto, se a sua intenção for escrever software, os núcleos extras no i7 podem reduzir drasticamente os tempos de compilação — por esse motivo escolhi o i7.

Acabei escolhendo o Core i7 6700K Unlocked

Placa de vídeo

Em termos de desempenho, a nova arquitetura Pascal da NVIDIA (usada na GeForce GTX 10 Series) é insana, especialmente para VR. Considerei comprar uma GeForce GTX 1070 (de menor custo) e economizar o dinheiro restante para comprar uma segunda placa de vídeo posteriormente, mas acabei optando por uma única 1080.

O motivo? A API Vulkan—na qual estou bastante interessado—não oferece ainda suporte a SLI: todo o processamento multi-GPU precisa ser gerenciado manualmente.

Mesmo que eventualmente economizasse o suficiente para comprar a segunda placa de vídeo—e isso supondo que o padrão Vulkan seja atualizado para suportar SLI/Crossfire em tempo hábil—a 11 Series já teria sido lançada, e já estaria a hora de atualizar a primeira GPU.

Quanto ao fabricante, eu escolhi a EVGA baseado na recomendação de um amigo, mas parece ser uma questão meramente de preferência pessoal.

Devido a problemas com o prazo de entrega, acabei optando pela EVGA GeForce GTX 1080 SuperClocked, mas provavelmente recomendaria a FTW Edition.

RAM

Para a RAM, o melhor é optar por memória DDR4 de um fabricante bem conhecido. Memória Quad Channel é uma boa idéia, mas tenha em mente que só funciona se você comprar os quatro pentes idênticos em um mesmo pacote.

16GB é suficiente, mas se você está se sentindo particularmente empolgado você optar por 32GB ou mesmo 64GB. (Eu acabei escolhendo 32GB 😎)

Se você quiser fazer overclock no computador, certifique-se de que a RAM aceita uma taxa de clock maior (como 3333Mhz), no entanto, tenha em mente que a placa-mãe precisa suportar a freqüência também.

Escolhi a a DDR4 G.skill Trident Z 32GB 3333Mhz (4 × 8gb)

Placa-mãe

Eu sempre tive experiências boas com placas-mãe ASUS no passado, então eu acabei optando pela Z170-A.

Ela é de tamanho ATX (não gosto de gabinetes mini-ATX super apertados), suporta todos os recursos que eu preciso e tem uma qualidade de construção decente. Tem muitas portas na parte traseira, incluindo USB-C, o que me animou bastante. A ferramenta UEFI da ASUS é muito boa também, com configurações de overclock e cooler fáceis de usar.

Placa mãe: ASUS Z170-A

Armazenamento

Versão curta: Compre um SSD.

Versão longa: Sério. compre. um. SSD. A maioria das reclamações de desempenho que as pessoas têm com computadores são imediatamente resolvidas por um SSD. É provavelmente o jeito mais fácil de fazer praticamente qualquer computador sentir mais “Rápido”. (A Apple descobriu isso há muito, muito tempo já, frequentemente colocando SSDs rápidos em hardware um tanto quanto medíocre.) Você ficaria surpreso com quantas pessoas têm computadores decentes que são basicamente inutilizáveis por não terem um SSD.

Uma vez que eles geralmente estão disponíveis em menores capacidades, você pode adquirir um SSD pequeno para colocar seu sistema, aplicativos e arquivos de trabalho, e um HDD maior para armazenar fotos, vídeos e conteúdo do Steam.

Na foto: SanDisk SSD Plus 240GB SATA 3.0 - SDSSDA-240G-G26.
Não na foto: o Seagate 1TB 7200RPM ST1000DM003 HDD que o acompanha

Existem SSDs mais sofisticados que se encaixam ao conector M.2, mas eles são significativamente mais caros e oferecem retornos menores para computação de propósito geral. Optei por um SSD SATA comum.

Cooler

Minha escolha de um cooler do tipo “torre” foi provavelmente o meu maior arrependimento desta montagem. Quis evitar o resfriamento líquido, já que parecia um exagero, e baseado nas pesquisas que fiz online, um cooler tipo torre deveria ser o suficiente inclusive para um overclock moderado da CPU. Acabou não sendo o caso.

Também tinha um certo preconceito com resfriamento líquido, provavelmente por ter visto vários setups improvisados no início dos anos 2000. A situação é muito melhor agora, com os principais fabricantes de coolers fornecendo soluções de resfriamento líquido prontas que são “à prova de idiotas”.

Provavelmente atualizarei minha máquina para uma dessas soluções muito em breve.

Cooler torre: CoolerMaster Hyper TX3 EVO

Fonte

Comprei uma fonte de alimentação de 750W da Corsair, o que em retrospectiva pode ter sido um exagero. Acredito que o meu computador provavelmente rodaria em uma fonte de alimentação de 500W sem problemas—No entanto, a fonte mais bruta pode vir a calhar se eu optar por um setup dual GPU com a Series 11 no futuro.

A fonte Corsair CX750.

Os reviews dessa fonte foram no geral favoráveis, e não tenho nada a reclamar até agora.

Headset VR

Obviamente, nenhuma estação de trabalho VR está completa sem um Headset VR. As principais opções aqui são o Oculus Rift e o HTC Vive. (O que provavelmente irá mudar em breve, com a Microsoft empurrando o suporte a VR/AR. Vários fabricantes parecem estar a bordo com o projeto “Windows Holographic”.)

Tanto o Vive como o Rift têm vantagens distintas. Acabei escolhendo o Vive porque ele suporta o rastreamento Room-Scale, e é patrocinado pela Valve, que tem um histórico muito melhor de relações com o desenvolvedor do que o Facebook.

Contemple, a caixa colossal do HTC Vive. E eu tive que embarcar em um avião com isso. 😅

Especificações Completas

Nota aos leitores brasileiros: Os preços aqui estão em dólares, e recomendo se possível comprar os componentes mais caros fora do país. O preço no exterior somado aos impostos de importação ainda assim é menor do que o preço no varejo no Brasil.

  • Core i7 6700K Unlocked — $337.97
  • EVGA GeForce GTX 1080 SuperClocked — $599.00
  • ASUS Z170-A — $144.99
  • DDR4 G.skill Trident Z 32GB 3333Mhz (4 × 8gb) — $253.24
  • SanDisk SSD Plus 240GB SATA 3.0 - SDSSDA-240G-G26 — $74.99
  • Seagate 1TB 7200RPM ST1000DM003 HDD — $56.95
  • CoolerMaster Hyper TX3 EVO — $32.49
  • Corsair CX750 — $69.99
  • Case: DeepCool Dukase V2 — $76.75
  • TP-Link AC 1900 Archer T9e - PCIe Dual Band Wireless Adapter — $76.50
  • Lite On DVD/Blu-Ray Recorder- IHBS112-29 — $68.95
  • HTC Vive — $799

Preço total: $2590.85

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